Vem aí uma vaga de renovação

Escrito por Diogo Freire de Andrade

 

“Os edifícios têm um potencial imenso de contribuição para o combate às alterações climáticas através de ganhos de eficiência.”

 

Conforme referiu a Comissária Europeia para a Energia, Kadri Simson, vem aí uma Vaga de Renovação no combate à pobreza energética.

Esta vaga vem no seguimento das novas diretivas europeias do desempenho energético dos edifícios. As diretivas começam por recordar que os edifícios, ao serem responsáveis por 36% das emissões totais de gases de efeito de estufa e por 40% dos consumos energéticos da União Europeia, “têm um potencial imenso de contribuição para o combate às alterações climáticas através de ganhos de eficiência”.

Pretende-se dar cumprimento ao Acordo de Paris e criar uma Europa climaticamente neutra até 2050.

Para isso há um ambicioso Decreto-Lei 101-D/2020 de 7 de Dezembro com efeitos a partir de 1 de Julho de 2021 que se pretende tenha resultado na renovação e na conceção de edifícios para criar edifícios mais sustentáveis.

Os edifícios estão divididos em 2 tipos nesta diretiva:

  1. Edifícios novos;
  2. Edifícios existentes.

1. Em relação aos edifícios novos há uma imposição de Emissões Zero já em 2030. Para isso é necessário:

  • Consumir pouca energia;
  • A energia que for gasta terá de ser alimentada por energia renovável local;
  • Não poderão emitir carbono;
  • Emitir Certificados Energéticos e Indicar um Desempenho Mínimo Classe C.

A avaliação do desempenho energético dos edifícios é realizada tendo em conta as necessidades de energia tais como o aquecimento e arrefecimento dos espaços, a ventilação, a água quente sanitária, a iluminação, as quais são determinadas de modo a otimizar, direta ou indiretamente, os níveis de saúde, conforto térmico e qualidade do ar interior dos edifícios.

O que se pretende é que os níveis de desempenho energético sejam elevados e, por consequência, ótimos em rentabilidade.

As obrigações dos vários técnicos envolvidos são as seguintes:

Arquitetos; Conceção dos próprios edifícios adequados ao local e ao clima, envolvente opaca (isolamentos térmicos de paredes, de coberturas e de pavimentos, caixas de estores, ventilação dos espaços, filtragem e renovação do ar) e envolvente envidraçada (com vidros duplos e janelas com corte térmico).

Depois disso é preciso gerir toda equipa que é composta por outros técnicos que vão intervir no projeto. O objetivo é conseguir uma avaliação energética o mais alta possível através das várias especialidades, nomeadamente:

  • Ventilação;
  • Climatização;
  • Águas Quentes;
  • Iluminação;
  • Produção de energia elétrica;
  • SACE automação e controlo edifícios;
  • Elevação;
  • Carregamento de carros elétricos.

2. Quanto aos Edifícios existentes, estima-se que 85 % destes edifícios ainda existirão em 2050. Por isso torna-se imprescindível:

  • Melhorar os edifícios. Os componentes renovados e os edifícios objeto de grandes renovações devem cumprir com os mesmos requisitos dos edifícios novos.
  • Já foram criados apoios do estado para melhorar o funcionamento. O Fundo Ambiental que vai apoiar os proprietários funciona nas seguintes alterações e melhorias, entre outras:
    1. Substituição de janelas;
    2. Aplicação de isolamento térmico em coberturas, paredes e pavimentos;
    3. Sistemas de aquecimento ou arrefecimento ambiente e das águas quentes sanitárias. Bombas de calor, sistemas solares térmicos, caldeiras;
    4. Instalação de painéis fotovoltaicos;
    5. Consumo de água;
    6. Soluções arquitetónicas como sombreamentos, estufas e coberturas/fachadas verdes.

Pretende-se com o Fundo Ambiental financiar medidas que promovam a reabilitação, a descarbonização, a eficiência energética, a eficiência hídrica e a economia circular, contribuindo para a melhoria do desempenho energético e ambiental dos edifícios. Em concreto, pretende-se que as medidas a apoiar possam conduzir a, pelo menos, 30% de redução do consumo de energia primária nos edifícios intervencionados.

Edifícios com bom desempenho energético e sustentáveis devem ser “o novo normal”.

Vamos aproveitar esta oportunidade para renovar os nossos edifícios e melhorar o desempenho energético.